Se o valor de mercado dos jogadores tivesse influência directa no rendimento desportivo das selecções durante o Euro 2012, Portugal estaria no pelotão da frente para conquistar o troféu. Para o quinto lugar que ocupa nesse ranking, muito contribuem os 90 milhões de euros em que está avaliado o passe de Cristiano Ronaldo, um jogador que, por si só, vale mais do que as selecções da Dinamarca, Polónia, Grécia ou República da Irlanda.
As contas são fáceis de fazer. De acordo com o site alemão transfermarkt, que traça uma estimativa do valor de mercado de cada atleta convocado para o Campeonato da Europa, a equipa comandada por Giovanni Trapattoni é a mais modesta da competição. A Irlanda, no seu conjunto, valerá 66,5 milhões de euros, com o médio Aiden McGeady a assumir-se como a jóia da coroa (9 milhões). Logo a seguir surgem a Grécia, de Fernando Santos (84), a anfitriã Polónia (85) e um dos adversários de Portugal no Grupo B, a Dinamarca (87 milhões).
Todas elas são ultrapassadas pelos 90 milhões de euros que valerão os direitos desportivos de Cristiano Ronaldo, o jogador mais valioso do torneio. O número 7 português encabeça uma lista que conta com quatro espanhóis no top 10, a começar por Andrés Iniesta (2.º, com 65 milhões), passando por Cesc Fàbregas (4.º, com 55), David Silva (6.º, com 46) e terminando em Gerard Piqué (10.º, com 38 milhões).
Este retrato espelha o poderio da selecção espanhola, actual campeã da Europa e do mundo. De resto, Espanha é, de longe, a equipa mais bem cotada da prova, com um lote de convocados avaliado em 658 milhões de euros, praticamente o dobro dos congéneres portugueses (338 milhões, que equivalem ao quinto lugar do ranking). Pelo meio surgem a Alemanha, em segundo, com 459 milhões (o goleador Mario Gómez contribuiu com 42), a Inglaterra, em terceiro, com 398 (o "peso" de Wayne Rooney nestas contas é de 65 milhões), e a França, em quarto, com 340 (Franck Ribéry dá um impulso de 42).
Nas escolhas de Paulo Bento, é Nani que surge a seguir a Ronaldo, quando o tema é valor de mercado. Ainda assim, o extremo do Manchester United, avaliado em 36 milhões de euros (o 13.º mais bem cotado do Euro 2012), surge bem distante da estrela do Real Madrid, clube que detém o terceiro e quarto jogadores mais valiosos da selecção portuguesa: Pepe (28) e Fábio Coentrão (24). João Moutinho fecha o top 5, com 23 milhões, e o lote de atletas acima das fasquia dos 20 milhões de euros.
"Jogo do gato e do rato"
O recente caso de João Pereira ajuda a explicar um pouco a volatilidade do mercado em anos de grandes competições. O Valência, receoso de que o valor do passe do lateral direito pudesse disparar durante o torneio, apressou-se a fechar negócio com o Sporting. A venda ficou acertada por cerca de 3,7 milhões de euros, mas a cotação do jogador atinge, segundo o transfermarkt, os 10,5. Um mau negócio para os "leões"? Não necessariamente.
"É sempre um jogo do gato e do rato", explica Artur Fernandes, presidente da Associação Nacional de Agentes de Futebol (ANAF). "Se os jogadores fizerem um grande Europeu, quem vende sai valorizado. Se fizerem um Europeu menos bom, a cotação mantém-se ou pode até baixar, mas há que ter em conta que há jogos de preparação e treinos e pode haver uma lesão grave", acrescenta, em declarações ao PÚBLICO.
O dirigente não acredita, de resto, que o timing da transferência possa ter efeitos significativos no desfecho do negócio. "[Os negócios] São fáceis de fechar quando o clube comprador tem dinheiro", assinala, assumindo que "hoje são muito mais complicados do que eram há uns anos". "Com o contexto que mundialmente é conhecido, tudo se tornou mais complexo. Em Janeiro de 2012, o volume de negócios baixou 70% em relação ao ano de 2004", exemplificou.
O termo de comparação não é aleatório. Artur Fernandes recorda que foi nesse ano, com Portugal a servir de anfitrião ao Campeonato da Europa, que os futebolistas nacionais mais se valorizaram. Não tanto por ser um ano de uma grande competição internacional, mas pela boa prestação da equipa então comandada por Luiz Felipe Scolari. "Foi um ano de referência, porque saímos bastante valorizados."
O lote dos intocáveis
No quadro geral do Euro 2012, o líder da ANAF traça, porém, uma linha que divide as grandes estrelas do comum dos atletas que alimentam as fileiras das selecções. A esses eleitos uma performance eventualmente menos conseguida durante a fase final causará poucos danos."Há um grupo de dez jogadores a nível mundial que, seja qual for a sua prestação na selecção, não vêem ser alterado o valor de uma eventual transferência", descreve. Serão, seguramente, os casos de Ronaldo e de outras referências do torneio, como Rooney, Ribéry, Iniesta ou Van Persie, entre outros.
O goleador da Holanda, vice-campeã mundial e uma das favoritas na corrida ao título, será um dos avançados mais cobiçados na competição que arranca no dia 8 de Junho. O assédio do Manchester City e da Juventus estará a dificultar a renovação do contrato com o Arsenal, que está disposto a oferecer ao jogador 162 mil euros semanais. Independentemente do rendimento no Euro.
Valor de mercado das selecções:
Espanha: 658 milhões de euros
Alemanha: 459
Inglaterra: 398
França: 340
Portugal: 338
Itália: 296
Holanda: 277
Rússia: 162
Croácia: 151
Suécia: 123
Ucrânia: 107
Rep. Checa: 101
Dinamarca: 87
Polónia: 85
Grécia: 84
Re. Irlanda: 67
Todas elas são ultrapassadas pelos 90 milhões de euros que valerão os direitos desportivos de Cristiano Ronaldo, o jogador mais valioso do torneio. O número 7 português encabeça uma lista que conta com quatro espanhóis no top 10, a começar por Andrés Iniesta (2.º, com 65 milhões), passando por Cesc Fàbregas (4.º, com 55), David Silva (6.º, com 46) e terminando em Gerard Piqué (10.º, com 38 milhões).
Este retrato espelha o poderio da selecção espanhola, actual campeã da Europa e do mundo. De resto, Espanha é, de longe, a equipa mais bem cotada da prova, com um lote de convocados avaliado em 658 milhões de euros, praticamente o dobro dos congéneres portugueses (338 milhões, que equivalem ao quinto lugar do ranking). Pelo meio surgem a Alemanha, em segundo, com 459 milhões (o goleador Mario Gómez contribuiu com 42), a Inglaterra, em terceiro, com 398 (o "peso" de Wayne Rooney nestas contas é de 65 milhões), e a França, em quarto, com 340 (Franck Ribéry dá um impulso de 42).
Nas escolhas de Paulo Bento, é Nani que surge a seguir a Ronaldo, quando o tema é valor de mercado. Ainda assim, o extremo do Manchester United, avaliado em 36 milhões de euros (o 13.º mais bem cotado do Euro 2012), surge bem distante da estrela do Real Madrid, clube que detém o terceiro e quarto jogadores mais valiosos da selecção portuguesa: Pepe (28) e Fábio Coentrão (24). João Moutinho fecha o top 5, com 23 milhões, e o lote de atletas acima das fasquia dos 20 milhões de euros.
"Jogo do gato e do rato"
O recente caso de João Pereira ajuda a explicar um pouco a volatilidade do mercado em anos de grandes competições. O Valência, receoso de que o valor do passe do lateral direito pudesse disparar durante o torneio, apressou-se a fechar negócio com o Sporting. A venda ficou acertada por cerca de 3,7 milhões de euros, mas a cotação do jogador atinge, segundo o transfermarkt, os 10,5. Um mau negócio para os "leões"? Não necessariamente.
"É sempre um jogo do gato e do rato", explica Artur Fernandes, presidente da Associação Nacional de Agentes de Futebol (ANAF). "Se os jogadores fizerem um grande Europeu, quem vende sai valorizado. Se fizerem um Europeu menos bom, a cotação mantém-se ou pode até baixar, mas há que ter em conta que há jogos de preparação e treinos e pode haver uma lesão grave", acrescenta, em declarações ao PÚBLICO.
O dirigente não acredita, de resto, que o timing da transferência possa ter efeitos significativos no desfecho do negócio. "[Os negócios] São fáceis de fechar quando o clube comprador tem dinheiro", assinala, assumindo que "hoje são muito mais complicados do que eram há uns anos". "Com o contexto que mundialmente é conhecido, tudo se tornou mais complexo. Em Janeiro de 2012, o volume de negócios baixou 70% em relação ao ano de 2004", exemplificou.
O termo de comparação não é aleatório. Artur Fernandes recorda que foi nesse ano, com Portugal a servir de anfitrião ao Campeonato da Europa, que os futebolistas nacionais mais se valorizaram. Não tanto por ser um ano de uma grande competição internacional, mas pela boa prestação da equipa então comandada por Luiz Felipe Scolari. "Foi um ano de referência, porque saímos bastante valorizados."
O lote dos intocáveis
No quadro geral do Euro 2012, o líder da ANAF traça, porém, uma linha que divide as grandes estrelas do comum dos atletas que alimentam as fileiras das selecções. A esses eleitos uma performance eventualmente menos conseguida durante a fase final causará poucos danos."Há um grupo de dez jogadores a nível mundial que, seja qual for a sua prestação na selecção, não vêem ser alterado o valor de uma eventual transferência", descreve. Serão, seguramente, os casos de Ronaldo e de outras referências do torneio, como Rooney, Ribéry, Iniesta ou Van Persie, entre outros.
O goleador da Holanda, vice-campeã mundial e uma das favoritas na corrida ao título, será um dos avançados mais cobiçados na competição que arranca no dia 8 de Junho. O assédio do Manchester City e da Juventus estará a dificultar a renovação do contrato com o Arsenal, que está disposto a oferecer ao jogador 162 mil euros semanais. Independentemente do rendimento no Euro.
Valor de mercado das selecções:
Espanha: 658 milhões de euros
Alemanha: 459
Inglaterra: 398
França: 340
Portugal: 338
Itália: 296
Holanda: 277
Rússia: 162
Croácia: 151
Suécia: 123
Ucrânia: 107
Rep. Checa: 101
Dinamarca: 87
Polónia: 85
Grécia: 84
Re. Irlanda: 67
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